Sunday, November 30, 2025

Amrita Bindu Upanishad

 

Georgia O’Keeffe, Sem título - Abstração com onda vermelha e círculo, 1979


O Amrita Bindu Upanishad é mais um dos cinco Upanishads que levam no título a palavra “bindu”, que no sânscrito significa ponto ou gota, e indica um ponto de início e fim da manifestação cósmica. Este presente texto é conhecido como o Upanishad da gota (bindu) do néctar da imortalidade (amrita) e oferece caminhos para chegar ao objetivo do Yoga: a superação da morte através da distinção entre o que se é e não é, e o reconhecimento da importância de dominar a mente e dirigi-la para o Atma. Há duas versões deste manuscrito, esta aqui traduzida com 22 versos e outra mais estendida, com 38 versos. Tal é a importância do Amrita Bindu que ele é considerado por alguns escolásticos como o manuscrito que precede os Yoga Sutras de Patanjali por propor primeiramente seis componentes para a prática do iogue - a saber: pratyahara [retenção dos sentidos], dhyana [meditação], pranayama [respiração correta], dharana [concentração], tarka [reflexão e raciocínio interno entre a mente e a alma; este ponto não faz parte da listagem de Patanjali] e samadhi [transcendência] -, e por isso teria servido de base para a proposta com oito componentes que Patanjali deu a seu Ashtanga Yoga mais tarde.


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º º º


Om! Que Ele nos proteja, que Ele nos alimente.

Que possamos trabalhar juntos com grande energia.

Que nosso estudo seja vigoroso e eficiente.

Que não disputemos mutuamente (ou, que não odiemos ninguém).

Om, 

Que haja Paz em mim!

Que haja Paz no ambiente!

Que haja Paz nas forças que agem sobre mim!

1. A mente é descrita principalmente como sendo de dois tipos: pura e impura. A mente impura é aquela que fica possuída pelo desejo; a mente pura é aquela desprovida de desejo.

2. De fato, é a mente que causa a servidão dos homens e a liberação. A mente que está atrelada aos objetos dos sentidos leva à servidão, e quando ela dissocia dos objetos dos sentidos, tende a conduzir à liberação. Assim é dito.


3. Como a liberação se baseia na mente desprovida de desejo pelos objetos dos sentidos, ela deve estar sempre livre de tais desejos por aquele que busca a liberação.


4. Quando a mente, cujo apego pelos objetos dos sentidos foi aniquilado, está totalmente controlada dentro do coração e assim percebe sua própria essência, aquele Estado Supremo é alcançado.


5. A mente deve ser controlada até o ponto em que se funde ao coração. Isto é Jnana (realização) e também é Dhyana (meditação), tudo o mais é argumentação e verborragia. 


6. O Estado Supremo não deve ser considerado como algo externo e que satisfaça à mente, nem deve ser considerado como algo desagradável à mente, nem deve ser considerado como sendo da forma do prazer sensório, mas deve ser considerado como sendo a essência da verdadeira Bem-Aventurança Suprema, sempre manifesta e eterna. Aquele Brahman que está livre de toda parcialidade [indivisível] é atingido neste estado.


7. Deve-se praticar devidamente a concentração em Om, primeiramente através das letras, depois meditar em Om sem as letras. Finalmente, após a realização com este segundo tipo de meditação em Om, a ideia de não-entidade é atingida como entidade. 


8. Isto é verdadeiramente Brahman, sem partes componentes, sem dúvida ou mácula. Ao realizar “Eu sou Brahman”, torna-se o imutável Brahman.


9. Brahman é infinito, além da razão e da analogia, além de todas as provas e do conhecimento sem causa dos quais o sábio se liberta. 


10. A Verdade mais elevada é aquela consciência pura que percebe: “Não existe controle da mente, nem sua entrada em ação”, “Eu não estou preso, nem sou um adorador, nem um buscador da liberação, nem alguém que tenha atingido a liberação”.


11. De fato, o Atma deve ser conhecido como sendo o mesmo em seus estados de vigília, sonho e sono sem sonhos [sonho profundo]. Para aquele que transcender os três estados não haverá mais nascimentos. 


12. Por ser o Um, a Alma universal está presente em todos os seres. Embora apenas Um, Ela é vista como muitas, como a lua na água. 


13. Assim como um jarro que é levado de um local para o outro muda de lugar e não o akasha [o espaço] contido no jarro, do mesmo modo é a Jiva [alma individual] que se assemelha a este akasha. 


14. Quando as formas, por exemplo o jarro, se quebram, o espaço não sabe que elas quebraram, mas Ele sabe perfeitamente.


15. Envolto em Maya, que é um mero som, Ele não conhece, através da escuridão, o Akasa (o Bem-aventurado). Quando a ignorância é dissipada, Ele, em Si mesmo, só vê a unidade.


16. O Om, enquanto palavra, é primeiramente visto como o Brahman Supremo. Após esta palavra-ideia se esvair, aquele Brahman imperecível permanece. O sábio deve meditar naquele Brahman imperecível se deseja a paz de sua alma. 


17. Dois tipos de conhecimento devem ser considerados: a palavra Brahman e o Brahman Supremo. Aquele que domina a palavra Brahman alcança o Brahman Mais Elevado.


18. Após estudar os Vedas, aquele que é inteligente e tem como única intenção atingir o conhecimento e a realização, deve descartar os Vedas, da mesma maneira como uma pessoa que consegue arroz descarta a casca. 


19. Mesmo com vacas de cores variadas, o leite tem a mesma cor. O inteligente reconhece Jnana [conhecimento] como o leite e os Vedas de muitas ramificações como as vacas. 


20. Assim como a manteiga escondida no leite, a Consciência Pura reside em cada ser. Ela deve ser constantemente despertada pela força da mente.


21. Segurando-se à corda do conhecimento, deve-se trazer à tona, como um fogo, o Brahman Supremo. Eu sou aquele Brahman indivisível, imutável e calmo.


22. Aquele onde residem os seres, e Aquele que reside em todos os seres, devido à virtude de que Ele é o concessor da graça a todos - Eu sou aquela Alma do Universo, o Ser Supremo, Eu sou aquela Alma do Universo, o Ser Supremo. 


Om! Que Ele nos proteja, que Ele nos alimente.

Que possamos trabalhar juntos com grande energia.

Que nosso estudo seja vigoroso e eficiente.

Que não disputemos mutuamente (ou, que não odiemos ninguém).

Om, 

Que haja Paz em mim!

Que haja Paz no ambiente!

Que haja Paz nas forças que agem sobre mim!


Aqui termina o Amrita Bindu Upanishad, como contido no Krishna Yajur Veda.


º º º 


Publicado pelo Advaita Ashrama, Calcutá

Traduzido para o inglês por Swami Madhavananda

Traduzido para o português por Mariângela Carvalho

[N. do T.: As informações em colchetes são adendos do tradutor.]

Monday, November 10, 2025

Nada Bindu Upanishad - português

 

Georgia O’Keeffe, Sem título - Abstração com círculo azul e linha, 1976-1977

Este é um Upanishad da categoria dos Yoga Upanishads e tem como objeto o estado meditativo profundo através da concentração no Nada, o som cósmico. Este manuscrito é rico em informações para investigar a natureza da sílaba Om, além de ajudar a compreender o Bindu (literalmente “ponto” em sânscrito), o ponto de onde surge toda a criação, símbolo da origem e dissolução de todo o mundo manifestado. Assim sendo, a meditação deve começar pelo bindu: o aspirante se concentra em um ponto (como o ponto entre as sobrancelhas) para adentrar na meditação repetindo Om.

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º º º

Om!

Que minha fala esteja de acordo com a mente;

Que minha mente esteja de acordo com a fala.

Ó, Tu, o autorrefulgente, revele-Se a mim.

Que ambos (mente e fala) sejam os portadores dos Vedas para mim.

Que nada do que já ouvi se separe de mim.

Eliminarei a diferença entre dia e noite através deste estudo.

Falarei o que é verbalmente verdadeiro.

Falarei o que é mentalmente verdadeiro.

Que Brahman me proteja,

Que Brahman proteja o Guru, que Ele me proteja.

Que Brahman proteja o Guru, que Ele proteja o Guru.

Om,

Que haja paz em mim.

Que haja paz em meu ambiente.

Que haja paz nas forças que agem sobre mim.


[Um dos contextos dados à introdução deste Upanishad é que ela se refere ao Vairaja Pranava, uma versão específica do mantra Om. Este Vairaja é tido como o “rei dos pássaros”.]


1. A letra A é considerada a asa direita do pássaro (o Om, Aum); a letra U a asa esquerda; a letra M é sua cauda; o ardha-matra* é conhecido como sua cabeça.


* [O ardha-matra é o quarto “som” após as três letras que formam o Om, “Aum”, e representa um som sutil, não pronunciado. As três letras em Om, que podem ser manifestadas através da fala, representam o mundo material (a manifestação), e o ardha-matra, um não-som (que é diferente do silêncio), já que não pode ser pronunciado, representa o sem-qualidades, o Absoluto.]


2. Os atributos [gunas] de rajas [paixão] e tamas [ignorância] vão de seus [o pássaro] pés para cima até os quadris; sattva [bondade] é o corpo; o dharma é considerado seu olho direito e o adharma o esquerdo.


3. Bhurloka [plano terreno] está situado em seus pés; Bhuvarloka [plano intermediário] em seus joelhos; Suvarloka [plano celestial inicial] em seus quadris e Maharloka [plano celestial intermediário] em seu umbigo. 


4. Em seu coração está situado Janoloka [plano espiritual dos sábios]; Tapoloka [plano espiritual dos praticantes de austeridades] em sua garganta e Satyaloka [a morada de Brahma, o criador] no centro da testa, entre as sobrancelhas.


5 (a). O matra [letra], ou mantra, além de sahasrara (o chakra com mil raios) é explicado a seguir.


5(b)-6(a). Um adepto da yoga que cavalga no hamsa (o cisne) e que contempla o Om não é nem afetado pelas influências cármicas, nem por dez crores de pecados. 


6(b)-7. O primeiro matra [a primeira letra e primeiro som em Om, “a”] tem Agni (fogo) como a deidade que preside (Devata); o segundo matra [a segunda letra e segundo som em Om, “u”] tem Vayu (vento) como Devata; o matra seguinte [a terceira letra e terceiro som em Om, “m”] é luminoso como a esfera do sol e, por último, o ardha-matra, que o sábio reconhece como sendo Varuna, a deidade que preside a água. 


8. Cada um desses matras é composto de três partes (kalas). A isso chamamos de Omkara. Conheça-o através de dharana, ou seja, da concentração em cada uma das doze partes (as variações dos matras produzidas pela diferença de svaras [notas musicais] ou da entonação).


9-11. O primeiro matra é chamado Ghoshini; o segundo, Vidyunmali (ou Vidyunmatra); o terceiro, Patangini; o quarto, Vayuvegini; o quinto, Namadheya; o sexto, Aindri; o sétimo, Vaishnavi; o oitavo, Sankari; o nono, Mahati; o décimo, Dhriti (Dhruva); o décimo primeiro, Nari (Mauni); e o décimo segundo, Brahmi.


12. Se uma pessoa vem a falecer no primeiro matra, quer dizer, enquanto o contempla, renascerá como um grande governante em Bharatavarsha [a Índia].


13. Se falece no segundo matra, ela se torna um ilustre yaksha [ser da natureza]; se falece no terceiro matra, torna-se um vidyadhara [semideus]; se no quarto matra, um gandharva [ser celestial]. Estas três categorias são os anfitriões celestiais. 


14. Caso faleça no quinto matra, o ardha-matra, a pessoa viverá no plano da lua, na posição de um Deva (um ser iluminado), que é altamente glorificado naquela região.


15. Se no sexto matra, a pessoa se fundirá a Indra [chefe dos deuses]; se no sétimo, ela chegará à morada de Vishnu; se no oitavo, encontrará Rudra, o Senhor de todas as criaturas. 


16. Se no nono, chegará a Maharloka; se no décimo, em Janoloka; se no décimo primeiro, em Tapoloka; e se no décimo segundo, ela obtém o estado eterno de Brahma. 


17. Aquilo que está além de todos esses estágios, Parabrahman, que está além dos matras citados, o puro, onipresente, além das partes, sempre refulgente e a fonte de todas as luzes (jyoti, luz espiritual), precisa ser conhecido. 


18. Quando a mente for capaz de superar os órgãos e os gunas (atributos da natureza material) e ficar absorta, sem ter existência separada [do Todo] e sem qualquer ação mental, então o Guru deve instruir para um desenvolvimento mais profundo.


19. Aquele que se dedica a contemplar o Todo e está sempre absorto Nele, deve gradualmente deixar a família, seguindo o caminho da Yoga e evitar qualquer relação com a sociedade.


20. Então ele, estando livre dos laços do karma e da existência como Jiva [entidade encarnada], e por ser puro, desfruta de suprema bem-aventurança ao atingir o estado de Brahman. 


21. Ó sábio, passe sua vida sempre em conhecimento da bem-aventurança suprema, desfrutando de todo o seu prarabdha karma [a porção do karma que está sendo desfrutada na vida atual, como por exemplo o contexto doméstico e o corpo], sem fazer quaisquer reclamação. 


22-23(a). Mesmo após Atma-Jnana (conhecimento do Atma, ou do Eu) ter despertado em alguém, o prarabdha não o deixa. Porém, prarabdha não é sentido após a chegada de Tattva-Jnana (conhecimento de Tattva, ou a verdade) porque o corpo e as outras coisas são asat (irreais), assim como aquilo que é visto em sonho para quem acorda. 


23(b)-24. Aquela porção do karma produzida em nascimentos anteriores, e que é chamada de prarabdha, não afeta em nada o Tattva-Jnani [aquele que possui Tattva-Jnana], uma vez que não haverá renascimento para ele. Assim como o corpo que existe no estado de sonho não é verdadeiro, este corpo material também não é.


25(a). Onde está então o renascimento para algo que é ilusório? Como pode algo ter uma existência quando não há nascimento para ele?


25(b)-26(a). Da mesma maneira como o barro é a causa material do jarro, aprende-se com a Vedanta que Ajnana [ignorância] é a causa material do universo e quando ela deixa de existir, onde então estaria o cosmos?


26(b)-27. Assim como uma pessoa que pela ilusão confunde uma corda com uma cobra, o tolo, desconhecendo satya (a verdade eterna) enxerga o mundo como verdadeiro. Quando ele reconhece que era apenas uma corda, a ideia ilusória da cobra se desfaz.


28-29(a). Quando se conhece o substrato eterno de tudo, e todo o universo se torna vazio, o que é então prarabdha para ele, cujo corpo é parte do mundo? Portanto, a palavra prarabdha é aceita para iluminar o ignorante. 


29(b)-30. Quando o prarabdha, no devido tempo, esgota, aquele que é o som resultante da união de Pranava com Brahman, que é a própria refulgência absoluta e concessor de bondade, faz brilhar a si mesmo quando há a dispersão das nuvens [quando cessa a ignorância]. 


31. O iogue na postura de siddhasana, praticando o Vaishnavi-Mudra, deve sempre ouvir o som interno pelo ouvido direito.


32. O som produzido o deixa surdo a todos os sons externos. Ao ter superado todos os obstáculos, ele adentra o estado de Turiya [situado no ardha-matra de Om] em quinze dias.


33. No início de sua prática, ele ouve muitos sons altos. Eles aumentam gradualmente em tom e são ouvidos cada vez mais sutilmente.


34. A princípio, os sons se parecem com os dos oceanos, das nuvens, de tímpanos [o instrumento musical] e das cataratas. No estágio intermediário, os sons se parecem com a mardala [um instrumento musical de percussão típico da região de Odisha], sinos e buzinas. 


35. No estágio final, os sons se parecem com sinos tilintantes, flauta, vina [instrumento de cordas tido como divino e sagrado] e abelhas. Assim, ele ouve diversas sutilezas.


36. Quando este estágio é alcançado, quando o som do grande tímpano está sendo ouvido, deve-se tentar distinguir apenas os sons cada vez mais sutis.


37. Ele pode mudar sua concentração do som grosseiro para o sutil, ou do sutil para o grosseiro, mas não deve permitir que sua mente desvie desses sons para outros.


38. A mente, tendo inicialmente se concentrado em um dos dois sons, fixa-se firmemente e é absorvida por eles.


39. Ao se tornar insensível às impressões externas, a mente se torna uma com o som, assim como o leite com a água, e depois, rapidamente, se absorve em Chidakasha [o assento da consciência suprema; o akasha (espaço) onde chit (consciência) prevalece].


40. Sendo indiferente aos objetos, o iogue que controla suas paixões, deve, pela prática contínua, concentrar sua atenção no som que aniquila a mente.


41. Ao abandonar todos os pensamentos e livrando-se de todas as ações, deve-se sempre concentrar a atenção no som e então, chitta [a mente] se absorve ao som.


42-43(a). Assim como a abelha que bebe o mel não se importa com o odor dos arredores, chitta, que está sempre absorta no som, não deseja os objetos sensoriais, uma vez que está inebriada pela doce fragrância de Nada e abandonou sua natureza fugaz [a mortalidade]. 


43(b)-44(a). A serpente de chitta, ao ouvir o som Nada, fica totalmente absorta e, ao ficar inconsciente de tudo, concentra-se apenas naquele som.


44(b)-45(a). Este som serve ao propósito de controlar o elefante enlouquecido, chitta, que vagueia pelos jardins dos prazeres que são os objetos sensórios.


45(b)-46(a). Este som serve como uma armadilha para prender os veados - chitta - que também serve como margem para as ondas do oceano mental. 


46(b)-47(a). O som que provém do Pranava [o Om], que é o próprio Brahman, é da natureza da refulgência; a mente se absorve em tal refulgência, onde situa-se a sede suprema de Vishnu.  


47(b)-48(a). O som existe até onde vai a concepção akáshica (Akasha Sankalpa) [concepção espacial]. Para além dela, há o Parabrahman sem som, que é o Paramatma. 


48(b). A mente existe enquanto houver som, mas com a cessação dele, surge o estado da mente chamado Unmani, o estado de existir além da própria mente. 


49(a). Este som está absorto em Akshara (indestrutível) [a sílaba imutável], e o estado sem som é a morada suprema. 


49(b)-50(a). A mente que, junto do prana (vayu, o vento), tem suas afinidades cármicas destruídas devido à concentração constante em Nada, fica absorta no Um imaculado. Não há dúvidas sobre isso.


50(b)-51(a). Muitas miríades de Nadas e muitas mais de Bindus, tudo se absorve no som de Brahma Pranava [o Om (Pranava) do criador (Brahma), ou o “som criador”, uma vez que acredita-se que o mundo manifesto tenha surgido a partir do som].


51(b)-52(a). Livrando-se de todos os estados e de todos os pensamentos, o iogue mantém-se como um morto. Ele é mukta [a liberação]. Não há dúvidas sobre isso.


52(b). Após isso, ele não ouve os sons da concha ou do dundubhi (um tímpano grande).


53. O corpo no estado de Unmani é como uma tora de madeira e não sente calor ou frio, alegria ou tristeza.


54. O chitta do iogue, ao abandonar a fama e a desgraça, está em Samadhi, acima dos três estados.


55. Libertando-se dos estados de vigília e sono [e sono profundo], atinge-se o estado verdadeiro [turiya].


56. Quando a visão espiritual se fixa sem o apoio de nenhum objeto à vista, quando vayu (o prana, a energia vital) permanece parado sem qualquer esforço, e quando chitta fica firme sem nenhum suporte, atinge-se a forma do som interno do Brahma Pranana. Assim é este Upanishad.


Om!

Que minha fala esteja de acordo com a mente;

Que minha mente esteja de acordo com a fala.

Ó, Tu, o autorrefulgente, revele-Se a mim.

Que ambos (mente e fala) sejam os portadores dos Vedas para mim.

Que nada do que já ouvi se separe de mim.

Eliminarei a diferença entre dia e noite através deste estudo.

Falarei o que é verbalmente verdadeiro.

Falarei o que é mentalmente verdadeiro.

Que Brahman me proteja,

Que Brahman proteja o Guru, que Ele me proteja.

Que Brahman proteja o Guru, que Ele proteja o Guru.

Om,

Que haja paz em mim.

Que haja paz em meu ambiente.

Que haja paz nas forças que agem sobre mim.


Aqui termina o Nada Bindu Upanishad, como contido no Rig Veda


 º º º

Traduzido para o inglês por K. Narayanaswami Aiyar

Traduzido para o português por Mariângela Carvalho

[N. do T.: As informações em colchetes são adendos do tradutor.]

Amrita Bindu Upanishad

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