A Ciência do Hamsa está explicada em diversos Upanishads e outras Escrituras. Nessa seção, vamos explorar alguns versos a respeito e seus significados.
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A metafísica do Mantra Hamsa está infundida em todas as almas individuais como o som feito pela respiração - a inalação faz ‘Ham’, a exalação faz ‘Sa’; e também pode ser ao contrário, a inalação faz “Sa” ou “So”, a exalação faz “Ham” -, mas o mistério maior deste que é o mantra mais inerente de todo ser vivo também reside para além do som e se encontra no silêncio.
O silêncio (ou espaço) entre a inalação e a expiração é o ponto onde devemos nos concentrar durante a prática (consciente) da repetição do Mantra Hamsa. Concentrar neste silêncio leva ao reconhecimento da Unidade com Deus. Este ponto não é um lugar físico, mas é a morada da Consciência Eterna. Quando, através da respiração, os espaços internos e externos se fundem, a consciência do corpo se dissipa e ficamos como que imóveis e livres das ondas mentais.
Este silêncio entre a inalação e a expiração recebe o nome de Madhyadasha e refere-se ao espaço intermediário que conecta o eu material ao Eu Cósmico, o Atma ao Paramatma. No livro A Ciência do Hamsa - Eu Sou Aquilo, de Swami Muktananda, no prefácio, escrito por Swami Prajnanada, é dito:
O método de observar o processo é unir a mente à respiração. Então, sentindo-se uno com hamsa, entrar com a respiração que entra, “ham”, e sair com a respiração que sai, “sa”. Entre essas duas respirações há um momento de quietude total, como no instante em que um pêndulo que completou um arco fica imóvel antes de balançar de volta novamente. Esse é o lugar onde “ham” ou “sa” se fundem no espaço interno ou externo. Nesse ponto, a respiração é suspensa por um tempo antes de “sa” ou ‘ham” surgir novamente daquele local. Com a prática, o tempo durante o qual esse estado de quietude é mantido começa a aumentar, e a bem-aventurança do Eu é experimentada. Esse espaço é chamado de madhyadasha, o espaço intermediário, que é a morada do Eu, Deus, Verdade ou Consciência. Esse é o lugar de repouso. O mesmo espaço existe entre dois pensamentos. Quando um pensamento termina, antes que outro surja, há uma fração de momento em que nada acontece. A mente fica parada. Se alguém puder se aferrar a esse instante, todos os mistérios do mundo serão revelados, pois ele é a fonte de toda a criação. É por isso que Baba atribui tanta importância a esse estado de quietude. Esse, de fato, é o segredo do hamsa, a respiração, que é conhecido em todos os tempos pelos grandes santos. Recentemente aconteceu de eu ler o Evangelho Essênio da Paz, Livro Dois. Fiquei surpreso ao encontrar nele as seguintes palavras atribuídas a Jesus: “Nós adoramos a Respiração Sagrada que está colocada acima de todas as outras coisas criadas. Pois veja, o espaço soberano eterno e luminoso onde governam as estrelas incontáveis é o ar que inspiramos e o ar que expiramos. E no momento entre a inspiração e a expiração estão ocultos todos os mistérios do Jardim Infinito”.
A prática do Mantra Hamsa, além de promover a união com Deus, também altera a fisiologia do praticante. Segundo Paramahamsa Yogananda, este exercício acalma a respiração e resulta no desaceleramento do metabolismo, na redução da produção de dióxido de carbono na respiração celular (o que aumenta a guna sattva) e as atividades cardíacas diminuem.
Perceber aquele silêncio entre as duas sílabas é um dos grandes segredos dos Siddha Yogues. Como afirmado por Swami Muktananda no livro citado anteriormente: “Aquele que vem a conhecer aquele momento da fusão das duas sílabas experimenta a Verdade”.
[Trechos de A Ciência do Hamsa - Eu Sou Aquilo, de Swami Muktananda, traduzidos por Eleonora Meier.]
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