Sunday, March 16, 2025

Turiyatita Avadhuta Upanishad

 


Turyiatita Avadhuta é mais um dos Upanishads categorizados como Sannyasa Upanishad, aqueles que tratam da renúncia e do renunciante. Este manuscrito descreve o Avadhuta (uma categoria de renunciante): aquele que se fundiu totalmente à não-dualidade do Atma/Paramatma, atingindo o estágio de jivanmukta (aquele que se libera ainda no corpo físico).


Baixe em PDF: Academia.edu.

º º º

Om! Brahman é o Absoluto, este universo é o Absoluto.

Do absoluto surge o absoluto.

Retirando o absoluto do (universo) absoluto,

Resta apenas aquele Brahman absoluto.

Om! Que haja paz em mim.

Que haja paz no ambiente.

Que haja paz nas forças que agem sobre mim.


1. Agora, o avô de todas as pessoas, o deus Brahma, aproximou-se respeitosamente de seu pai, Adinarayana (o Senhor Vishnu), e questionou: “Qual é o caminho dos Avadhutas após atingir o estado de turiyatita, e quais são seus posicionamentos?”. 


A ele, o Senhor Narayana respondeu: “Os sábios consideram aquele que permanece no caminho de Avadhuta muito raro no mundo e eles são poucos. Aquele que se torna um Avadhuta é para sempre puro, por certo, ele é a personificação do desapego; ele é a forma visível da sabedoria e é certamente a personificação dos Vedas (Vedapurusha). Ele é verdadeiramente um grande homem, uma vez que sua mente habita apenas em mim. De fato, eu, também, habito nele. No devido tempo, tendo primeiramente se tornado um asceta que vive numa cabana (kutichaka), ele atinge o estágio de monge mendicante (bahudaka); o monge mendicante atinge o estágio de um hamsa (cisne); o hamsa então se eleva ao mais alto tipo de asceta, o paramahamsa. Neste estágio, através da introspecção, ele percebe o mundo todo como não diferente de seu próprio Ser; renuncia todas as posses pessoais e se desfaz delas em um reservatório de água, objetos como seu emblemático cajado, a tigela de água, o cordão amarrado na cintura, tecidos que cobrem suas partes íntimas e todas as tarefas ritualísticas que fazia em estágios anteriores; ele se torna despido (lit. vestido pelos pontos cardeais); abandona até mesmo a aceitação de uma vestimenta de casca de árvore descolorida e desgastada, ou de pele de veado; comporta-se posteriormente (após o estágio do paramahamsa) como alguém que não está sujeito a nenhum mantra (ou seja, não realiza rituais), deixa de fazer a barba, o banho de óleo, a marca perpendicular de pasta de sândalo na testa, etc.


2. Ele dá fim a todos os deveres religiosos e seculares; livra-se do mérito religioso em todas as situações; abandona tanto o conhecimento quanto a ignorância; conquista a influência do frio e do calor, da alegria e da tristeza, da honra e da desonra, já tendo outrora se queimado com a influência latente do corpo (vasana) com censura, elogio, orgulho, rivalidade, ostentação, arrogância, desejo, ódio, amor, raiva, cobiça, ilusão, alegria exacerbada, intolerância, inveja, apego à vida, etc.; ele vê seu próprio corpo como um cadáver; torna-se equânime sem esforço ou restrição ao ganhar ou perder; mantendo sua vida com comida colocada em sua boca como um vaca; satisfeito com a comida, já que ela surge sem que haja um desejo ardente por ela; ele reduz a cinzas o aprendizado e a erudição; guarda sua conduta sem alardear seu nobre modo de vida, negando a superioridade ou inferioridade de alguém; firmemente estabelecido na não-dualidade do Ser, que é o mais alto princípio de todos e que compreende tudo dentro de si; acalentando a convicção de que “Não há nada diferente de mim”; intocado pela tristeza; não responsivo à alegria terrena; livre do desejo por afeição; desapegado de qualquer momento, o auspicioso e o inauspicioso; com o funcionamento de todos os sentidos paralisados; sem se importar com a superioridade de sua conduta, aprendizado ou mérito moral (dharma), adquiridos nos estágios anteriores de sua vida; abandonando a conduta que condiz com sua casta e estágio de vida (vanaprastha); sem sonho, já que noite e dia são o mesmo para ele; sempre em movimento em todos os lugares; ficando apenas com o corpo que sobrou para si; sua tigela de água sendo o único local para saciar a sede; sempre sensato e vagueando sozinho, como se fosse uma criança, um louco ou um fantasma; sempre observando o silêncio e meditando profundamente em seu Ser, ele tem como apoio o sem-suporte, Brahman; esquecendo-se de tudo em consonância com a absorção em seu Ser, este sábio Turiyatita, ao atingir o estágio Avadhuta do ascetismo e completamente absorto na não-dualidade do Atma, finalmente se livra do corpo, uma vez que se tornou um com o Om (Pranava): tal asceta é um Avadhuta, ele cumpriu com o propósito da vida”. Aqui termina o Upanishad.


Om! Brahman é o Absoluto, este universo é o Absoluto.

Do absoluto surge o absoluto.

Retirando o absoluto do (universo) absoluto,

Resta apenas aquele Brahman absoluto.

Om! Que haja paz em mim.

Que haja paz no ambiente.

Que haja paz nas forças que agem sobre mim.


Aqui termina o Turiyatita Avadhuta Upanishad, como contido no Sukla Yajur Veda.


º º º

Traduzido para o inglês por Professor A.A. Ramanathan

Traduzido para o português por Mariângela Carvalho

Publicado pela Theosophical Publishing House, Chennai


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