Uma vez, ouvi do Swami Chandramukha que as flores são o sorriso de Krishna. Nunca esqueci dessas palavras. As flores desabrocham quando o Senhor abre Seu sorriso divino, além de serem uma das expressões mais belas da criação de Deus.
Prabhupada contou que quando vemos uma flor, estamos vendo o sorriso de Krishna, por isso, devemos utilizá-las em Seu serviço, uma vez que tudo é a energia Dele. “Uma flor que sentimos o perfume, que adoramos. Isso é gratificação dos sentidos. Igualmente, a mesma flor, se oferecida a Krishna em uma guirlanda, com a qual Ele sentirá o perfume e sentirá prazer, é bhakti”, disse Shrila em uma de suas conversas.
A literatura vaishnava frequentemente descreve Krishna como sorridente e risonho. Aquele Seu sorriso de Gopala, que tanto enfeitiçou os moradores de Gokul por Sua graça de criança, é o mesmo que encorajou Arjuna quando este se encontrava prestes a desistir da guerra no campo de Kurukshetra. No Gita 2:10-12, temos: “Naquele momento, Krishna, no meio dos dois exércitos, sorriu e disse as seguintes palavras ao desconsolado Arjuna: ‘Ao falar palavras cultas, você está lamentando pelo que não é digno de pesar. Sábios são aqueles que não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos. Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem você, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir’”. Este trecho, muito comentado pelos acharyas, enfatiza que foi a partir do sorriso de Krishna que Arjuna se assegurou de que a guerra seria por um bem maior.
No Srimad Bhagavatam 2.1.31, o sorriso de flores de Krishna é retratado como “a energia material ilusória mais atraente”. É explicado que, no mundo espiritual, o sorriso de Krishna é a energia mais cativante, mas quando essa energia é refletida no mundo material, ela inverte e se torna maya, a energia que prende as entidades vivas à ilusão e à luxúria. Ainda no Bhagavatam (3.28.32), é dito: “Um iogue deve meditar no mais benevolente sorriso do Senhor Hari, um sorriso que, para todos aqueles que se curvam a Ele, enxuga o oceano de lágrimas causadas por intensa tristeza”. Em outro momento (3.8.27), é dito que os devotos não pedem nada ao Senhor em troca pelo serviço devocional a Ele. Até mesmo a mais alta liberação é recusada pelos devotos, embora seja oferecida pelo Senhor. Dessa maneira, o Senhor torna-Se um “devedor” do devoto e a única maneira de “pagar” pelos serviços devocionais é oferecendo Seu encantador sorriso.
Embora existam milhares de nomes dados a Deus, destacam-se dois em especial que relacionam a beleza das flores ao fascinante sorriso de Krishna. O primeiro é a alcunha Mukunda, formada pelas palavras mukha (face) e kunda (a flor chamada jasmim-estrela), sendo assim conhecido como “Aquele cuja face é tão bela quanto a sempre sorridente flor de jasmim-estrela”. No Vishnu Sahasranama (Mil Nomes de Vishnu), o título nº 952 é Puspa Hasa, ou “aquele cuja manifestação como Universo se assemelha ao desabrochar de botões em flores” e “aquele que desabrocha como uma flor no momento da criação primordial”.
A energia do sorriso de flores de Krishna emana para e através do devoto, e faz com que o sorriso deste se torne poderoso. Prabhupada afirma que simplesmente ao sorrir, o devoto conquista muitos discípulos, admiradores e seguidores.
Lembre-se sempre que vir uma flor: ali está o sorriso de Deus.
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