Nicholas Roerich - Blessed Soul: Bhagavan Sri Ramakrishna Paramahamsa, 1924
O Upanishad do Grande Cisne (Paramahamsa) reforça mais uma vez a qualidade suprema das Grandes Almas: a renúncia. Atingir o estado de Paramahamsa é se despir de todos os conceitos e não-conceitos, das dualidades e da unidade, do “eu” e “tu” , da realidade (material e mental) fenomênica e até de Deus.
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Om! Brahman é o Absoluto, este universo é o Absoluto.
Do absoluto surge o absoluto.
Retirando o absoluto do (universo) absoluto,
Resta apenas aquele Brahman absoluto.
Om! Que haja paz em mim.
Que haja paz no ambiente.
Que haja paz nas forças que agem sobre mim.
1. “Qual é o caminho dos Paramahamsa Yogues e quais são seus deveres?”, foi a pergunta que Narada fez ao se aproximar do Senhor Brahma (o Criador). A ele, o Senhor respondeu: “O caminho dos Paramahamsas que você indaga está acessível à duras penas para as pessoas; não há muitos expoentes dele [o Paramahamsa puro], e é o suficiente que exista apenas um. Em verdade, ele repousa no sempre-puro Brahman; ele é o próprio Brahman proposto nos Vedas. Assim os conhecedores da Verdade afirmam: ele [o Paramahamsa] é o maior porque repousa toda sua mente sempre em Mim, e Eu, também, por este motivo, resido nele”.
Tendo renunciado aos seus filhos, amigos, esposa, amizades e etc., tendo se desfeito de shikha [o tufo de cabelo atrás da cabeça], do cordão sagrado, do estudo dos Vedas, de todos os trabalhos e também do universo, ele deve usar kaupina [peça de vestuário masculino como uma tanga], o cajado e apenas roupas o suficiente para a mínima manutenção de seu corpo, para o bem de todos. E isso não é tudo. Se for perguntado sobre o que é esse tudo, aqui está:
2. O Paramahamsa não carrega nem o cajado, nem o tufo de cabelo, nem o cordão sagrado, nem usa qualquer vestimenta. Ele não sente frio, nem calor, nem felicidade, nem miséria, nem honra, nem contentamento. É adequado que ele esteja além do alcance das seis ondas deste mundo-oceano. Tendo superado qualquer pensamento de calúnia, vaidade, ciúmes, ostentação, arrogância, apego ou antipatia aos objetos de alegria ou tristeza, luxúria, raiva, cobiça, autoilusão, exaltação, inveja, egoísmo e demais, ele considera seu corpo como um cadáver, já que destruiu de uma vez por todas a ideia de corpo. Sendo eternamente liberto da causa das dúvidas, e do conhecimento mal concebido e falso, percebendo o Eterno Brahman, ele reside aí, com a consciência de que “Eu mesmo sou Ele, eu sou Aquele que é sempre calmo, imutável, indivisível, a essência do conhecimento e bem-aventurança. Apenas Aquele é minha natureza verdadeira”.
Apenas o conhecimento (Jnana) é seu shikha. Apenas o conhecimento é seu cordão sagrado. Através do conhecimento da unidade de Jivatma com o Paramatma, a distinção entre eles se esvai totalmente. Tal unificação é sua cerimônia de Sandhya [as adorações oferecidas diariamente, no horário da injunção da noite com o dia e do dia com a noite].
3. Aquele que renuncia a todos os desejos obtém seu descanso supremo no Um sem um segundo. Aquele que segura o cajado do conhecimento é o verdadeiro Ekadandi [o monge renunciante]. Aquele que carrega um mero cajado de madeira, que se envolve com todos os tipos de objetos dos sentidos e que é desprovido de Jnana, vai para infernos terríveis, conhecidos como Maharauravas. Conhecendo a diferença entre ambos [os tipos de portadores do cajado], ele se torna um Paramahamsa.
4. O ambiente é sua vestimenta, ele não se prostra diante de ninguém, não oferece oblações aos pitris [antepassados], não culpa e nem elogia ninguém - o sannyasin sempre tem força de vontade independente. Para ele não há invocação a Deus, nem qualquer cerimônia a Ele; não há mantra, não há meditação, não há adoração, já que ele não é nem o mundo fenomênico, nem Aquele que é o incognoscível. Ele não enxerga nem a dualidade e nem a unidade. Ele não vê nem “eu” nem “tu”, nem nada desse tipo. O sannyasin não tem lar.
Ele não deve aceitar nada feito de ouro ou similares, não deve possuir discípulos ou aceitar riquezas. Ao se perguntar se há mal ao aceitá-los, a resposta é sim, há males em proceder dessa maneira. Porque se um sannyasin olhar para o ouro com desejo, ele se torna um assassino de Brahman; se um sannyasin toca o ouro com desejo, ele se degrada ao nível de um chandala [casta inferior], porque se ele detiver ouro com desejo, ele se torna um assassino do Atma. Logo, o sannyasin não deve nem olhar, tocar ou pegar ouro com desejo. Todos os desejos da mente deixam de existir e, por consequência, ela não fica agitada pela tristeza e não deseja a felicidade; surge a renúncia ao apego aos prazeres dos sentidos, ele se desapega do bem e do mal em todos os lugares, por consequência, ele nem odeia nem é exaltado.
A tendência de fluir para fora de todos os órgãos dos sentidos diminui naquele que repousa apenas no Atma. Ao realizar que “Eu sou aquele Brahman, que é Conhecimento e Bem-Aventurança infinitos”, ele chega ao fim de seus desejos, de fato, ele chega ao fim de seus desejos.
Om! Brahman é o Absoluto, este universo é o Absoluto.
Do absoluto surge o absoluto.
Retirando o absoluto do (universo) absoluto,
Resta apenas aquele Brahman absoluto.
Om! Que haja paz em mim.
Que haja paz no ambiente.
Que haja paz nas forças que agem sobre mim.
Aqui termina o Paramahamsa Upanishad, como contido no Sukla-Yajur-Veda.
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Traduzido para o inglês por Swami Madhavananda
Traduzido para o português por Mariângela Carvalho
Publicado pelo Advaita Ashrama, de Calcutá
[N. do T.: As informações em colchetes são adendos do tradutor.]
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